terça-feira, 31 de julho de 2012

PUBLIQUE NA COLUNA 'CULTURAS'


Está aberta a temporada de publicações da 1ª coluna do Blog NPEC. A coluna 'CULTURAS' visa reunir mini-textos de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento que, de alguma maneira, permeiem o âmbito dos Estudos Culturais. Para acessar o Edital e saber mais, clique em COLUNA CULTURAS.

sexta-feira, 20 de julho de 2012





O Núcleo de Pesquisa em Estudos Culturais (NPEC) nasce em 2010, na cidade de Salvador. Hoje, vinculado a Faculdade São Bento da Bahia conta com diversos profissionais das ciências humanas, os quais tentam compreender as culturas enquanto movimento dinâmico, na qual esta envolve as diversas relações sociais presentes no cotidiano, tais como as artes, a religiosidade, as formas de sexualidade, a relações etnicorraciais dentre outros temas, ainda vistos como marginais. Participe você também!
 
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quarta-feira, 4 de julho de 2012

POR QUE VADIA?



Quando jogada no Google a palavra “vadia”, os sinônimos que aparecem são: vagabunda, puta, galinha, biscate, sapeca, desocupada, piranha, kenga, leviana, prostituta. Também, quando procurado seu significado aparecem respostas do tipo: “quem não possui uma ocupação”, “quem se prostitui” ou “mulher que se oferece para homens”. Estas apropriações não nos são estranhas, pois permeiam o nosso imaginário. Representações que binarizam e hierarquizam os sujeitos, como “moça direita” versus “vadia”, tornam estas últimas, as quais são identificadas como “vadias”, seres menores, não possuidoras de direitos, não cidadãs, e, por isso, disponíveis para qualquer tipo de abuso ou crime.


Em 2011, na cidade de Toronto, no Canadá, um policial sugeriu que mulheres que vestem roupas curtas “são consideradas vadias” e estão incitando nos homens o direito de estuprá-las. A partir deste episódio, o termo “vadia” foi reapropriado como uma contestação, um insulto que desse voz e vez às mulheres em todo o mundo, cuja autoridade se traduz como um grito: SOU VADIA, E DAÍ?, e a Slut Walk, ou Marcha das Vadias, se espalhou pelo mundo e tornou-se um protesto internacional, a fim de contestar discursos como estes, que aprisionam as mulheres num ideário de “santidade” e “castidade”, cerceando seu desejo, castrando suas vontades e sua existência.

Como as experiências da Marcha das Vadias, no Brasil, foram bem diversas, pois foram organizadas em quase todo território nacional, demandas específicas foram adicionadas às reivindicações locais e um movimento que, inicialmente, pretendia reagir contra um discurso machista, tornou-se um amplo movimento que abarca demandas em prol de uma sociedade humana liberta do machismo, do racismo e da homofobia.


2 de julho de 2012, feriado estadual em Salvador, Independência da Bahia. Uma segunda-feira, bairro da Lapinha, muitas pessoas. Mulheres vestidas, despidas, pintadas, maquiadas. Homens e mulheres travestidos. Pessoas por todos os lados pintando faixas, cartazes, levantado bandeiras. De apito, de mega-fone ou apenas com suas vozes, cantando, dentre outras canções: “eu como homem, como mulher, tenho o direito de comer quem eu quiser”. Pessoas de todas as partes da cidade, ou do estado, muitas nem se conheciam pessoalmente, mas estavam todas unidas pelo mesmo objetivo: GRITAR POR JUSTIÇA, LIBERDADE E RESPEITO. Esta é uma das possíveis visões da Marcha da Vadias.

Este ano, na cidade do Salvador, a Marcha das Vadias aconteceu numa data histórica. Além do tradicional desfile do Caboclo e da Cabocla, outros grupos organizados também se fizeram presentes e tornou a passeata um ato cívico e popular. Nesse sentido, a Marcha das Vadias, composta de mulheres, homens, trans, sujeitos marginalizados e outros tantos solidários à causa feminista, marcaram presença num importante movimento que não quer apenas “defender” mulheres, mas, sobretudo, lutar por direitos, por cidadania, para todas as pessoas, em suas infinitas expressões de vida.

Sendo assim, a Marcha das Vadias foi marcada não apenas por uma demanda feminista. Transcendeu. Abarcou causas identitárias e pós-identitárias. Sujeitos marginalizados ou hegemônicos. Nos rostos, nos cantos, nos olhos, na alegria, nas expressões, a busca era essa: LIBERDADE PARA EXISTIR!

Alguém me perguntou por que o termo “vadia”, e por que não “Marcha das Mulheres”. Eu respondi: por que ser VADIA traduz o grito preso na garganta de milhares de pessoas, um grito que pede para sair, um grito que quer dizer algo, que diz:


A MINHA EXPERIÊNCIA DE VIDA EXPRESSA A MINHA EXISTÊNCIA, ME RESPEITE PELA MINHA FORMA DE EXISTIR!







Texto: Mayana Rocha Soares
Revisão: Thais Souza
Fotografias: Rafael Vasconcelos
Postagem: Luiza Lopes Silva
(Clique aqui para conhecê-los)